Segunda – feira era o dia de lavar roupa lá em casa. Era o dia de preguiça para a escola, mas em compensação tinha a brincadeira e o banho de rio, que muito nos alegrava. Cedo, antes de a gente ir para a escola, na segunda- feira, chegava a Maria lavadeira para buscar a roupa. Maria era lavadeira de confiança, não precisava pôr escrito o rol da roupa. (...) O rio era raso e a gente atravessava a pé. Achava uma delícia pisar na água, muito transparente, enxergando os pés afundarem na areia. Depois de atravessar, íamos andando rio acima, á sua margem, até o local onde a Maria lavava a roupa. Pois havia diversas lavadeiras e cada uma tinha o seu local, escolhido por elas mesmas, de acordo com a conveniência de cada uma.
E a Maria gostava de ficar bem longe, lugar mais discreto, onde colocava a sua pedra de bater roupa. Eram pedras grandes e lisas onde as lavadeiras batiam as peças de roupa para ficarem limpas e claras.
(...) Ao chegarmos ao local onde Maria lavava, entregávamos a ela o almoço e, enquanto ela descansava, nós caíamos na água. Os peixinhos eram muitos mesmo, e a gente os pescava com peneiras. Fazíamos isso só pelo prazer de pescar, jogávamos os peixinhos na água novamente, porque também tínhamos pena deles.
(Adaptado do livro Nuvens de Algodão. FUMARC: Belo Horizonte, 1995 por Cristielle M. F. Pimenta)
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