Índios

(Imagem: Guerilla de Botocudos - Johann Moritz Rugendas. Fonte: Wikimedia Commons)

 

Os índios que habitavam a região de Itamarandiba eram chamados de Botocudos. A designação Botocudo, tem origem nos botoques utilizados como adornos labiais e auriculares que estes índios utilizavam. O nome  Botocudo tem relação com a comparação feita pelos colonizadores fazendo referência ao botoque – tampa dos barris de cachaça . Estes adornos na cultura Borum (Botocudo) tem relação com os rituais de passagem da infância para a idade adulta e se tornam parte integrante da personalidade do indígena, tanto que sentiam-se envergonhados se alguém os visse sem eles, principalmente sem os botoques labiais. Os botoques eram, fabricados , preferencialmente  com a madeira da árvore barriguda por ser mais  leve.  Todos os índios que viviam em regiões não litorâneas receberam esse denonimação do colonizador português.

Os botocudos eram também conhecidos por Aymorés. Eram os mais temidos de todo o território brasileiro. 

As  mulheres viviam nuas durante toda vida, já os homens a partir dos doze anos usavam uma espécie de tanga para cobrir  o órgão sexual. Alguns índios usavam também colares  de contas alternados a dentes de animais.
Seu instrumento musical predileto é a flauta feita de bambu que carregam sempre consigo  e que tocavam , preferencialmente, pelo nariz ( como os indígenas da ilha de Tongo na Oceania).

Os “Botocudos” não eram ribeirinhos, mas gente do sertão. Gostavam de ficar na beira dos rios porque os rios eram uma fonte de alimentação, além de uma orientação de rota. Na sua natural sabedoria, buscavam lugares saudáveis e com água limpa.

Os grupos de Botocudos eram formados de aproximadamente 50 pessoas. Existiam inúmeros grupos. Como na maioria dos grupos a organização era familiar se fazia necessário que os casamento não se realizassem com membros da mesma tribo.Sendo esta uma das causas das guerras entre eles. Quem perdia deveria enviar uma mulher para o grupo rival que vencera. Desta forma se evitaria relações incestuosas com casamentos entre parentes muito próximos. Há uma grande possibilidade de que as guerras para os Botocudo, seria uma forma de efervecência, superatividade e concentração de pessoas, período necessário a toda sociedade para reavivar os laços sociais.
A guerras com outras etnias se dava em muitas vezes devido a invasão de território de caça ou movidos por crenças de que o grupo rival enviara flechas mágicas que provocaram doença e morte a seus membros.

Pintavam o rosto do nariz para cima de urucum o restante, excetuando-se o antebraço e a panturrilha, pintavam de jenipapo. Facavam com o rosto vermelho e o corpo preto.


O s Botocudos eram muito temidos pelos Maxakalis, Malalis, Manoxós,Capaxós e Pataxós, que mantinham distância, pois as relações violentas partiam dos Botocudos e os outros grupos indígenas tinham medo deles.


Estrategicamente, os Maxacalis e outros deixavam o colonizador acreditar que os tinha domado ou amansado e em seguida fugiam dos aldeamentos. Os Botocudos sempre optavam pela guerra e sofreram muitas baixas na luta desigual entre espadas e armas de fogo contra flechas e armadilhas.
Seu espírito guerreiro e o fato de nunca terem se rendido aos colonizadores acabou destruindo seu povo, mas ainda assim falam que não havia outro jeito. Borum não desiste facilmente, brigam até o fim, isto os fazem diferentes.

 

O EXTERMÍNIO DOS ÍNDIOS BOTOCUDOS

O território original dos Bo

tocudos era a Mata Atlântica no Baixo Recôncavo Baiano, tendo sido expulsos do litoral pelos Tupi, quando passaram a ocupar a faixa de floresta paralela, conhecida por Floresta Latifoliada Tropical Úmida da Encosta ou Mata Pluvial Tropical, localizada entre a Mata Atlântica e o rebordo do Planalto. Depois do século XIX deslocaram-se para o sul, atingindo o rio Doce em Minas Gerais e Espírito Santo.

Desde os primeiros contatos, ainda no século XVI, foram acusados de antropofagia, o que não se confirma. Entretanto, este sempre foi o grande argumento para justificar as constantes decretações de Guerra Justa e convencer os grupos indígenas com que viviam em conflito – Tupi, Malalí, Makoní, Pataxó, Maxakalí, Pañâme, Kopoxó e Kamakã-Mongoió – a se aldearem com promessas de proteção e acesso aos bens da sociedade, como armas de fogo. Apesar da resistência tenaz, os grupos Botocudos foram aldeados por militares, diretores leigos e missionários em vários pontos dos atuais estados da Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo a partir da decretação da Guerra Justa autorizada pelo governo português através das Cartas Régias de 13 de maio, 24 de agosto e 2 de dezembro de 1808 assinadas no Rio de Janeiro pelo Príncipe Regente D. João.


A primeira Carta Régia determinava a guerra ofensiva aos Botocudos de Minas Gerais por considerar que os mesmos eram irredutíveis à civilização e que a guerra de caráter defensivo não surtia os efeitos desejados no tocante a garantir a expansão da conquista naquela capitania. A segunda autorizava o Governador e Capitão General da mesma capitania a criar uma tropa especializada no combate a índios para viabilizar a guerra ofensiva determinada na Carta Régia anterior. Finalmente, a terceira estabelecia planos acerca de como promover a educação religiosa dos índios e seu efetivo controle como forma de viabilizar a navegação dos rios e o cultivo dos terrenos ocupados pelos Botocudos. No contexto desse plano, o Príncipe autorizava o confisco das terras ocupadas por esses grupos, que passavam a ser consideradas como devolutas e deveriam ser distribuídas como sesmarias, particularmente entre os que se destacassem na guerra ofensiva. A esses novos proprietários também era garantido o livre acesso ao trabalho dos indígenas que fossem capturados em atitude aguerrida por um período que variava entre doze e vinte anos, a depender do grau de rusticidade e dificuldade dos aprisionados em apreenderem as novas formas de trabalho. 

A extinção dos botocudos fazia, inclusive, parte dos planos do Império, a ponto de ser editado um decreto pelo conde Linhares (dom Rodrigo Coutinho), seu ministro da Agricultura, oficializando o massacre. O decreto premiava todos aqueles que capturassem ou matassem um botocudo. O terror se convertia em lei. 

CRENÇAS E RITUAIS ESPIRITUAIS

As entidades das crenças dos “Botocudos” eram os espíritos da natureza – os tokón -, responsáveis pela eleição dos seus intermediários na terra, os xamãs, com os quais mantinham contacto durante os rituais e que, quase sempre, acumulavam o cargo de líderes políticos. Havia, ainda, as almas, espíritos que viviam nos corpos dos humanos, adquiridos a partir dos quatro anos de idade, quando eram implantados os primeiros botoques labiais e auriculares. A alma principal abandonava o corpo durante o sono e, quando se perdia, ocorria a doença. Antes de a pessoa morrer, sua alma principal morria dentro de seu corpo. As outras seis almas que habitavam o corpo acompanhavam o cadáver até seu túmulo, sobre o qual voavam, chorando. Eram invisíveis para os membros da comunidade presentes à cerimônia. Caso suas necessidades de alimento e luz não fossem atendidas, essas almas complementares poderiam transformar-se em onças e ameaçar a aldeia, pois, não se alimentando, morreriam de fome. Passados alguns anos, espíritos bondosos da esfera superior vinham buscá-las para seu espaço, de onde não mais voltavam. Dos ossos dos cadáveres, surgiam espíritos que passavam a morar no mundo subterrâneo, no qual o sol brilhava durante a noite terrestre. Eram espíritos grandes, maus e negros que vagavam pela aldeia atacando os vivos, principalmente as mulheres, desenterravam os mortos, batiam no chão, assustando a todos, matando animais por espancamento. As vítimas se defendiam tentando surrá-los e evitando saírem de seus abrigos durante a noite.

 

ALIMENTAÇÃO

Na culinária indígena, a mandioca era o prato principal, além do cará, do inhame, da batata-doce, do amendoim, da moqueca, dos bolos e dos mingaus. Com o milho, as mulheres preparavam a canjica, a pamonha e as bebidas fermentadas . A cabaça, a gamela, o coité e o coco eram cortados ao meio e usados como utensílios domésticos.

 CURIOSIDADES:

Os  aimorés não eram uma etnia. Eles eram chamados de aimorés pelos Tupi do litoral, muito sabidos. Eles chamavam todos índios do mato de embaré, porque usavam esse nome no sentido de serem brutos. Eram jagunços dos brancos e chamavam as outras tribos de gente do mato. Assim, esse nome “aimoré” não nomeia um povo, era um apelido dados pelos Tupi.


Ninguém descreveu esses aimorés. Mas sobre os “Botocudo” há diversas referências e ordens sobre os quartéis espalhados, entre Espírito Santo e Minas. Informações sobre centenas deles presos, vigiados e impedidos de sair dos quartéis. Isso ocorreu no final do século XVIII, quando os administradores estavam apavorados e por isso pediram uma ordem de guerra contra os “Botocudo”.


Muitos nomes eram frequentemente usados para designar alguns grupos indígenas, mas na verdade fazem referência ao lugar onde viviam.
Alguns índios Botocudos casavam-se com mais de uma mulher.

 

Existem relatos que seguem as cartas de Fernão Dias e Matias Cardoso citando a existência de índios Mapaxós no norte de Minas Gerais. Isso levou muitos a suporem que os Mapaxós habitaram a região de Itamarandiba, o que na verdade, não pode ser comprovado historicamente. Por isso falamos de forma geral dos Botocudos, sem destacar tribos. Esses Botocudos, inclusive, podem compreender também a tribo dos Mapaxós. 

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